Novo CAGED: País gerou 431.995 empregos formais em fevereiro
Por que o Comércio é o único setor com números negativos?
Uma breve análise do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região
Números do CAGED divulgados no mês de março apontam para crescimento de empregos formais criados no país, o que é uma boa notícia. Desde 2023 foram criados 3.717.766 empregos formais em todo o país.
Em fevereiro, o saldo de geração de empregos foi positivo em todos os setores, com destaque para o setor de Serviços, que gerou 254.812 postos de trabalho no mês, variação positiva de 1,10%, e para a Indústria, com a criação de 69.884 vagas no mês, variação positiva de 0,78%. Em seguida, vieram o Comércio (46.587 ou 0,44%), Construção (+40.871 ou 1,41%) e agropecuária (+19.842 ou 1,08%).
Apesar da forte pressão do “mercado”, vemos que o dólar cai, a bolsa sobe, o desemprego diminui, a renda aumenta aos poucos. Os preços ainda seguem altos e a inflação ainda assola principalmente a população de baixa renda, são problemas que demandam atenção e urgência e que o movimento sindical deve dar grande atenção e aumentar sua mobilização para garantir ganho real e melhorias nos salários e nas condições de trabalho. Mas vamos primeiramente aos números consolidados:
Novo CAGED: números acumulados do ano de 2025
Em 2025, no acumulado do ano (janeiro a fevereiro), no Novo CAGED foi registrado um saldo de 576.081 novas vagas de emprego, valor 19,8% superior ao registrado no mesmo período de 2024. Um número que também chama a atenção positivamente é que a maioria das vagas criadas no mês de fevereiro foram preenchidas por mulheres que ficaram com 229.163, enquanto os homens ocuparam 202.832 postos, o que mostra maior inserção das mulheres na economia do país.
O salário médio real de admissão em fevereiro de 2025 foi de R$ 2.205,25, uma redução de R$ 79,40 (-3,48%) em comparação com o valor de janeiro de 2025 (R$ 2.284,65).
- O maior crescimento do emprego formal ocorreu no setor de Serviços, com saldo de +304.149 postos formais de trabalho
- A Indústria apresentou saldo de +140.798 postos de trabalho
- A Construção gerou no ano 79.412 postos
- Apenas o setor do Comércio, segundo os dados consolidados do CAGED, teve um saldo negativo de -4.490 postos formais de trabalho.
De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada em 13/02/2025, o Comércio varejista teve alta de 4,7% em 2024, maior crescimento desde 2012.
A pesquisa detalha: “Oito das onze atividades pesquisadas, no âmbito do varejo ampliado, fecharam o ano no campo positivo: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (14,2%), Veículos e motos, partes e peças (11,7%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%), Material de construção (4,7%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,6%), Móveis e eletrodomésticos (4,2%), Tecidos, vestuário e calçados (2,8%) e Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,7%).” [fonte: https://www.gov.br/]
Se o setor apresenta franco crescimento, por que o número de vagas preenchidas foi negativo?
Respondemos: porque no setor do comércio ainda há um longo caminho a ser percorrido para que os comerciários e comerciárias alcancem o salário médio de admissão medido pelo Novo CAGED de R$2.205,25 (quiçá o salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE, que deveria ser de R$ R$ 7.229,32 e não os R$ 1.518,00 atuais).
Por que os comerciários e comerciárias não têm direito a creche para seus filhos e que por isso a família dos comerciários tem, muitas vezes, que enfrentar situações como a mãe, na maioria das vezes, ter que abdicar de trabalhar para cuidar dos filhos durante um turno enquanto seus filhos não estão na escola.
Por que os comerciários não têm, em sua esmagadora maioria, benefícios que valorizem sua profissão e cuidem de sua saúde e bem estar, como Plano de Saúde.
Por que os comerciários enfrentam uma jornada extenuante. Os números do Novo CAGED apenas dão um contorno oficial a algo que já notamos há muito tempo: existe uma deficiência enorme de postos de trabalho e os comerciários realizam a funções com o dobro ou o triplo de esforço pois deveriam ter mais profissionais nos estabelecimentos. Chega! Os comerciários devem, como todos, ter direito a descansar, a ver seus filhos crescendo, a poder acompanhar a vida escolar, a ter sua vida religiosa respeitada, a poder desfrutar de um almoço de domingo em família!
Além disso, os comerciários travam uma luta constante para garantir direitos convencionados e garantidos por lei, mas que não são respeitados ou são alvos constantes de ataques como o direito ao descanso aos domingos e feriados. Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, os comerciários através de muita luta e mobilizações já derrotaram o PL 467 e estão em luta contra o PL 851 que pretende instituir a escravidão no comércio impondo o funcionamento do comércio 24 horas.
Por que os comerciários, principalmente as comerciárias, não têm segurança para trabalhar. Uma reportagem veiculada no FANTÁSTICO, da Rede Globo em 30/03/2025 mostrou a rotina de terror e insegurança das mulheres, vítimas de assaltos, agressões, estupros e feminicídio. A maioria das mulheres entrevistadas que relataram essa rotina de medo e insegurança eram COMERCIÁRIAS.
Tem sido constantes os artigos e números que mostram a defasagem de postos de emprego no comércio em todo o país, numa busca rápida no google podemos ver os mais recentes:
Vamos à luta!
O Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região entende que a atração e retenção de comerciários nos postos de emprego passa pela VALORIZAÇÃO DOS COMERCIÁRIOS, passa pelos empregadores compreenderem que os trabalhadores questionam “O que me levaria a trabalhar no comércio?” antes de se apresentar para uma vaga.
Enquanto o setor empregador não compreender que os comerciários devem ter seus salários valorizados, ter um ambiente de trabalho melhor, ter benefícios reais voltados para a saúde e bem estar dos comerciários, ter respeito a jornada, ao descanso, esses números não sofrerão grandes mudanças
O Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região está empenhado na luta pela valorização dos comerciários, estamos em plena campanha DOMINGO NÃO, pelo direito de descanso dos comerciários. Estamos em período de negociações coletivas e nossa luta é para obter GANHO REAL para os comerciários. Somente no ano passado celebramos mais de 60 acordos coletivos estabelecendo ganhos e direitos para os trabalhadores de diferentes empresas além dos convencionados. Entendemos que esse é o caminho para a real valorização dos comerciários e do comércio em Belo Horizonte e Região e em todo o país!