O presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região (SECBHR), João Periard, diretores e advogados compareceram ao ato, realizado na manhã de 28/1, na Sala 28 de Janeiro da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Minas Gerais (SRTE-MG), numa reunião de familiares, autoridades e representantes de entidades para reverenciar a memória das vítimas da Chacina de Unaí, ocorrida em 28 de janeiro de 2004.
O evento teve a promoção do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) e da SRTE-MG e homenageou os auditores fiscais Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage e Eratóstenes de Almeida Gonçalves, além do motorista Aílton Pereira de Oliveira, foram emboscados na região rural de Unaí (MG) e assassinados durante uma fiscalização contra o trabalho análogo à escravidão.
A tragédia, ocorrida há 21 anos, motivou a criação do Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, celebrado em 28 de janeiro, e impulsionou a fiscalização do trabalho escravo no Brasil, ainda considerada insuficiente pelos auditores fiscais. O crime foi encomendado pelos fazendeiros Norberto Mânica, Antério Mânica e José Roberto de Castro, que contrataram pistoleiros para executar a chacina.
CULTO EM NOME DA UNIÃO
Um culto ecumênico deu início ao ato, reuniu líderes religiosos das religiões católica, evangélica e de matriz africana, que representaram a união na luta por justiça e pelo fim do trabalho escravo no Brasil. A cerimônia foi dirigida por Carlos Calazans, Superintendente do MTE, que era o Delegado Regional do Trabalho na época do triste acontecimento. A persistência de Calazans foi destacada pelo Vice-Presidente do SECBHR, José Alves Paixão, por nunca desistir de buscar a condenação judicial dos mandantes do crime.
Também o filho do motorista Aílton Pereira de Oliveira resgatou a presença do Superintende em todos os momentos da investigação, ao levar à família o desenrolar dos acontecimentos. A mulher e os dois filhos de Aílton Estavam presentes no ato, assim como na placa que dá nome à sala e homenageia os profissionais assassinados.
Noberto Mânica, foi preso nesta quarta-feira (15) em Nova Petrópolis, cidade da serra gaúcha. Ele foi sentenciado em 2023 a 64 anos de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e formação de quadrilha. Segundo a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, o condenado tentou ocultar a identidade, mas foi reconhecido e preso em seguida. O irmão dele, Antério Mânica, ex-prefeito de Unaí, também foi condenado e preso em 2023.
José Alves Paixão, Vice-presidente do SECBHR, destacou a persistência de Carlos Calazans, titular da SRTE-MG
COMERCIÁRIOS PRESENTES
João Periard, que também é Secretário Nacional dos Comerciários da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destacou a importância de oferecer melhores condições de trabalho para os servidores do Ministério do Trabalho, especialmente aos Auditores-Fiscais.
Para o líder sindical, a Chacina de Unaí sempre será um símbolo de como os servidores públicos ainda ficam vulneráveis diante da pressão dos poderosos que atuam em todo o território nacional e procuram impor sua vontade através da prática da intimidação e da agressão.
Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300)