Eleições: a Democracia triunfou!

 Mais de 60 milhões de brasileiros elegeram Luiz Inácio Lula da Silva como novo Presidente da República.

Outros 58 milhões votaram em Bolsonaro.

Aproximadamente outros 50 milhões de aptos a votar anularam seu voto, votaram em branco ou não compareceram às urnas.

Somos 215 milhões de cidadãos de uma terra vibrante, que “em se plantando tudo dá”, agraciada pela quase ausência de grandes episódios climáticos (já que os que assolam nosso povo, a maior parte deles é causada pela intervenção do próprio homem). Somos ricos em tudo: em minerais, recursos naturais, e num povo que nunca deixou de trabalhar, de lutar e de entregar seu melhor por nossa Nação.

Um total de 28.274 candidatos concorrem às eleições gerais deste ano.

Nos dias 2 e 30 de outubro, um eleitorado de 156.454.011 brasileiros elegeu: o presidente da República, 27 governadores, 27 senadores, 513 deputados federais, 1.035 deputados estaduais e 24 deputados distritais.

Todo processo eleitoral, talvez o mais tenso e mais coberto pela imprensa nacional e mundial em todos os tempos, com milhares de mesários e observadores internacionais. Os Tribunais Eleitorais nunca foram tão observados, nunca deram tantas declarações, explicações e nunca trabalharam tanto.

Civis, militares, cientistas, especialistas de todo tipo, passaram os últimos 4 anos devassando as eleições anteriores, analisando as tão faladas urnas eletrônicas, debatendo e explicando como se audita uma votação.

As eleições começaram muito antes de começar: elas iniciaram no primeiro dia do mandato do atual presidente (ainda) em exercício, que impressionantemente agiu o tempo todo como oposição sob seu próprio governo: “contra tudo e contra todos”.

E por fim, alguns números tabulados pela jornalista Mônica Bérgamo:

Lula recebeu o voto de 60.345.999 BRASILEIROS.

22.793.826 moram no SUDESTE

22.534.967 moram no NORDESTE

6.750.374 moram no SUL

4.155.591 moram no NORTE

3.958.336 moram no CENTRO-OESTE

152.905 moram no EXTERIOR

Como podemos ver, sem deixar de levar em consideração as devidas proporções do eleitorado em cada região, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu MAIS VOTOS na região Sudeste que no Nordeste. Ao contrário do que afirmam os preconceituosos e reacionários, não foi “o Nordeste” que o elegeu, mas sim os Brasileiros.

Não se trata apenas de manifestação de mau perdedor. Dizer isso seria limitar e fazer concessão com provocações golpistas. A não aceitação de um resultado inquestionável, que foi feito sob milhões de olhares de todo o país e do mundo, é um crime escancarado contra a democracia. E os discursos do presidente e do vice-presidente (ainda) em exercício são péssimos exemplos para todo o país: dizer que um candidato não deveria ter concorrido. Afirmar isso após meses de debates, após o atual vice-presidente ser eleito Senador da República é inaceitável e vergonhoso.

O que vimos nos instantes que seguiram ao resultado das eleições até o momento em que essas palavras são escritas são tentativas desesperadas de girar a roda da história para trás, e muito para trás! Para os idos de 1964, quando um presidente legitimamente eleito foi deposto por um golpe. Para os idos de 2016, quando uma presidente legitimamente eleita foi deposta por um golpe porque não agradava seus pares. Para os idos de 2018, quando um juiz que não possuía competência e nem imparcialidade para julgar, cometeu ilegalidades e atropelos de todo tipo para impedir Lula de concorrer às eleições. E finalmente para hoje, para este momento, quando aqueles que cometeram todo tipo irregularidades e utilizaram da máquina pública para despejar bilhões e bilhões de reais para se reeleger e nem assim foram capazes pela primeira vez desde a redemocratização de reeleger um presidente, perderam as eleições.

E veja o que ocorreu depois: o processo que levou ao impeachment em 2016 sobre as chamadas “pedaladas” foi arquivado em setembro de 2022. O Juiz que conduziu à prisão de Lula e o tirou da disputa das eleições de 2018 virou Ministro de Bolsonaro, depois rompeu com Bolsonaro e depois voltou para os braços de Bolsonaro na reta final da última campanha. E Lula, com seu processo anulado devido às ilegalidades cometidas por esse Juiz e por todos os atropelos do seu processo, seguindo todos os ritos, foi eleito.

Desde o impeachment de Dilma Rousseff – apesar de discordarmos dos métodos e do conteúdo como tudo se deu – tudo ocorreu “dentro das quatro linhas”. A parte derrotada recorreu às devidas instâncias, os processos correram seu curso, e apesar dos danos causados, culpados foram julgados e condenados, outros tiveram seus processos arquivados ou anulados percorrendo as devidas instâncias.

As eleições de 2022 correram seu curso. Moro e o ainda vice-presidente Mourão foram eleitos Senadores, assim como dezenas de deputados e senadores bolsonaristas. E Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito, pela terceira vez, Presidente pela maioria dos eleitores Brasileiros.

E agora Bolsonaro e uma minoria raivosa de seguidores questiona a eleição de Lula.

O silêncio sepulcral do presidente em exercício por horas a fio soou à sua turba como uma ordem para que causassem a desordem. O bloqueio de estradas é um atentado contra o povo, contra a produção agrícola, contra a produção industrial e contra o tão propalado “direito de ir e vir” dos cidadãos. O bloqueio de rodovias é um serviço prestado à alta dos combustíveis, dos alimentos e dos medicamentos. É mais um ato daquele que “contra tudo e contra todos” faz oposição à Nação.

A ação dos agentes que fizeram blitzes para tentar atrasar a votação de milhares de brasileiros principalmente no Nordeste foi vergonhosa, para não dizer criminosa para com os bloqueios dos falsos caminhoneiros que iniciaram ainda no dia 30 de outubro. A “inteligência” de que tanto se gabou Bolsonaro, que dizia ter seus próprios informantes e a PRF, que ele tanto aparelhou, tiveram que receber lições da Galoucura e da Fiel Corinthiana! Que tempos são esses que vivemos!

Estamos convictos de que nossas instituições identificarão e punirão devidamente os financiadores, organizadores e aqueles que colaboraram com esses bloqueios ilegais.

E quanto àqueles que ao bater do bumbo dos grupos de ZAP foram às portas dos quartéis pedir “intervenção” militar: que recebam uma bela aula de história e também a aplicação do código penal para os crimes que muitos cometeram, seja financiando esses atos coordenados, seja com suas Fake News, seja impedindo o direito do povo ir e vir e chorar seus mortos em pleno dia de Finados, seja com suas saudações nazistas, utilização de crianças como escudo humano nas estradas, prejudicando o transporte de medicamentos, etc.

Reconquistar a democracia foi uma tarefa árdua que custou vidas, liberdade e muita luta de nosso povo. Vamos exercê-la sem reservas!

Temos muito a fazer e muito mais ainda a reconstruir. Que dos escombros provocados pelo negacionismo da ciência, pela destruição da cultura e da educação, dos escombros da economia e dos direitos trabalhistas ressurja um Brasil novo.

É tarefa de cada brasileiro comprometido com seu país lutar para que nosso país volte a ser uma referência perante o mundo. Felizmente isso já começou com o anúncio do resultado das eleições com manifestações de dezenas de líderes de outras nações em todo o mundo!

Assim como uma floresta que após a queimada rebrota, cicatriza suas feridas e floresce exuberante, nossa pátria há de ser novamente pujante e nosso povo terá orgulho e não vergonha de vestir o verde amarelo de nossa bandeira.

João Pedro Periard

Presidente do Sindicato dos Comerciários de Belo Horizonte e Região