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57% dos brasileiros são contra a escala 6 por 1, diz pesquisa

Manifestantes reúnem-se na Cinelândia, no Rio de Janeiro/RJ, em 15/11/2024 | Imagem de Tânia Rego/Agência Brasil

Para 57% ou 92 milhões de brasileiros, a escala de trabalho 6 por 1 deve acabar. Outros 105 milhões (65%) enxergam o fim do regime de 6 dias como um fator para aumentar a oferta de empregos no País. É o que mostra uma pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro.

A medida aumentaria a produtividade na visão de 68 milhões de brasileiros ou 42%. Além disso, 4 em cada 10 entrevistados acreditam que a economia não seria afetada caso o tipo de jornada fosse proibida. A avaliação de 54% ou 87 milhões é de que a escala 6×1 afeta negativamente a saúde mental dos trabalhadores.

Com o fim do tipo de regime e a adoção de uma jornada mais curta, 65% (105 milhões) acreditam que a qualidade de vida de quem trabalha melhoraria, mesma percepção de outros 69% (112 milhões), caso a redução dos dias trabalhados ocorresse sem diminuição salarial. Também 69% dos entrevistados concordam que a proibição do tipo de jornada levaria a mais tempo para descanso, lazer e família.

A pesquisa apontou ainda que 91% ou 147 milhões têm algum conhecimento sobre a atual discussão a respeito do fim da escala 6×1. Entre os que trabalham ou moram com alguém que segue a escala, 97% está a par do debate, bem como 78% daqueles que não têm contato com a jornada.

Para o levantamento, foram feitas 1.461 entrevistas digitais por meio de autopreenchimento em todo País com pessoas acima de 18 anos. O período de coleta de dados ocorreu entre 2 e 4 de dezembro de 2024, e a margem de erro é de 2,5 pontos porcentuais.

Imagem de Letícia Bond/Agência Brasil

ATOS NAS CAPITAIS BRASILEIRAS

Manifestações pelo fim da escala de seis dias de trabalho e um dia de folga foram convocadas em São Paulo, Brasília, Manaus, Fortaleza, Rio de Janeiro e Recife.

O tema ganhou repercussão a partir da apresentação da Proposta de Emenda à Constituição Federal (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que propõe jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e quatro dias de trabalho por semana no Brasil (4×3).

Os atos foram convocados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT),que tem mobilizado as redes sociais a favor da PEC. Em petição online, o movimento já reuniu quase 3 milhões de assinaturas a favor da mudança.

PEC DA FAMÍLIA– A PEC foi elaborada na causa defendida pelo VAT, que é combate a jornada de trabalho no Brasil (6×1) considerada pelo movimento como uma das principais causas de exaustão física e mental dos trabalhadores, além de impedir o convívio dos trabalhadores com a família e amigos e a prática de atividades físicas, de lazer ou estudo.

O tema também foi debatido no G20 Social, realizado no Rio de Janeiro entre 14 e 16 de novembro. A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, argumentou que a mudança beneficiaria as mulheres, mas classificou que o debate precisa ser mais amadurecido.

Já o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse que o assunto ainda não foi discutido no núcleo do governo.

PRESSÃO PELA APROVAÇÃO

As manifestações realizadas no país aumentam a pressão para que os parlamentares aprovem a proposta pelo fim da atual escala de trabalho. São necessárias 171 assinaturas para a PEC começar a tramitar na Câmara. E para ser aprovada, precisa do voto de 308 dos 513 parlamentares, em dois turnos de votação.

Com a pressão social, cresceu de 60 para 134 o total de deputados que assinaram a PEC que estabelece a jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e 4 dias de trabalho por semana no Brasil (4×3), acabando com a escalada de 6 por 1.

Ao menos outras duas PEC tratam da redução de jornada no Congresso Nacional, mas não acabam com a jornada 6 por 1, que é a principal demanda do VAT.

Renato Ilha, jornalista (Fenaj 10.300), com informações da CNN e Agência Brasil

Imagem destacada de Valter Campanato/Agência Brasil de Ato realizado na Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília(DF), 15/11/2024. 

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